Como ajudar meu cachorro que tem medo de fogos e trovões?

Barulhos altos, como fogos de artifício, trovões ou até sirenes, são um pesadelo para muitos cães. Enquanto para nós esses ruídos podem ser apenas incômodos passageiros, para os cães eles soam como ameaças iminentes. E não é à toa: os cães têm uma audição muito mais sensível do que a nossa, captando sons que sequer percebemos — e com muito mais intensidade.

Se você tem um cão que treme, se esconde, fica agitado ou tenta fugir durante tempestades ou comemorações, saiba que isso não é “frescura” ou “manha”. É uma resposta natural do organismo ao medo — o famoso “modo de sobrevivência” (fuga ou luta).

A boa notícia é que é possível ajudar seu cão a lidar melhor com esses momentos. Com paciência, técnicas corretas e muito respeito, o medo pode ser reduzido — e, em alguns casos, até superado.

 Entenda o medo e respeite os limites do cão

O primeiro passo é reconhecer que o medo é real. Não minimize os sinais que o cão demonstra. Entre os comportamentos comuns estão:

• Tremores

• Salivação excessiva

• Tentativas de fuga

• Latidos ou choros constantes

• Busca por esconderijo

• Perda de apetite

• Comportamento destrutivo

Repreender ou ignorar esses sinais pode aumentar o estresse do animal. O ideal é responder com acolhimento e segurança.

 Crie um refúgio seguro

Nos dias em que houver previsão de fogos (festas, finais de ano, jogos) ou tempestades, prepare um local tranquilo dentro de casa onde o cão possa se sentir seguro. Pode ser um cômodo pequeno, como um quarto, lavanderia ou até um cantinho com uma casinha coberta.

Dicas para esse “refúgio”:

• Deixe o ambiente escuro ou com luz baixa

• Coloque cobertores, brinquedos e algo com o seu cheiro

• Ligue sons suaves como música relaxante, ventilador ou TV

• Nunca o trave ou obrigue a permanecer ali; o espaço deve ser escolhido por ele

 Use a dessensibilização e o contracondicionamento

Estas são técnicas comportamentais eficazes para ajudar o cão a mudar sua resposta emocional ao som.

Dessensibilização:

Consiste em expor o cão ao som que o assusta, mas em um volume muito baixo, e gradualmente aumentar com o tempo.

Contracondicionamento:

Enquanto o som é reproduzido, você associa essa experiência a algo positivo, como petiscos de alto valor, carinho ou brincadeiras.

⚠️ Importante: Esse processo deve ser feito aos poucos, com muita paciência, e nunca durante uma situação real de estresse. O ideal é treinar em momentos tranquilos e sem pressa.

 Mantenha-se calmo e presente

Os cães percebem nossa linguagem corporal e estado emocional. Se você estiver tenso ou com pena do pet, ele pode entender isso como uma confirmação de que “há mesmo um perigo”. Por isso:

• Fale em tom calmo e suave

• Respire profundamente

• Evite exagerar nos confortos (como excesso de colo ou dramatização), pois isso pode reforçar o comportamento ansioso

• Apenas esteja lá, como uma base segura

 Roupas e produtos calmantes podem ajudar

Alguns cães se beneficiam do uso de:

Roupas compressivas, como a Thundershirt, que simulam um “abraço” contínuo e acalmam o sistema nervoso

Difusores ou coleiras com feromônios sintéticos (ex: Adaptil)

Florais ou fitoterápicos naturais, sempre com orientação profissional

Em casos mais graves, o veterinário pode indicar medicação controlada para períodos críticos — especialmente se o cão coloca a própria vida em risco tentando fugir ou se machuca.

 Cuidados durante eventos com fogos

Durante festas como Ano Novo, Natal, ou jogos com queima de fogos:

Feche portas, janelas e cortinas para abafar os sons e bloquear clarões

Atualize a identificação do cão (plaquinha e microchip) em caso de fuga

Não o leve para a rua nesses horários

• Evite deixá-lo sozinho se ele já demonstrou medo antes

 

 Treinamento preventivo é sempre melhor

Cães que são acostumados desde filhotes a lidar com sons diversos tendem a ser menos reativos. Mesmo em cães adultos, treinar a tolerância a ruídos em dias tranquilos é sempre mais eficaz do que tentar resolver o medo no momento em que ele já está no auge.

É possível ajudar — com empatia, técnica e constância

Lidar com o medo de barulhos altos é um desafio comum, mas não precisa ser um sofrimento constante para o cão — e nem para você. Com dedicação, os resultados aparecem.

Você não está sozinha nessa! Muitos tutores passam por isso e, felizmente, há cada vez mais informação e profissionais capacitados para ajudar. Se o medo for muito intenso, um adestrador comportamental ou veterinário especializado em comportamento animal pode ser essencial no processo.

Seu cão não precisa enfrentar isso sozinho — e nem você 💛